Nesta quarta-feira (03/05), o Ibama lançou a versão final do terceiro relatório da Operação Áugias. O relatório contempla um diagnóstico das áreas atingidas pelo desastre provocado pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), e acompanha as atividades desenvolvidas pela Fundação Renova. A fundação foi criada pela mineradora Samarco e suas controladoras, Vale e BHP Billiton, para gerir os programas de restauração e recuperação das áreas afetadas pelo acidente.
O relatório aponta que, após vistoria realizada no fim do ano passado em 54 pontos da área mais afetada pela tragédia, não havia na ocasião qualquer tipo de intervenção em 49% dos locais onde são necessárias ações de conservação do solo. Também não tinham sido realizadas intervenções em 40% dos pontos que demandam drenagem superficial e em 37,5% dos que aguardam soluções para contenção dos rejeitos. Além disso, foram verificados processos erosivos em 90% dos pontos vistoriados.
Desde o relatório anterior, de outubro de 2016, na fase Argos II, os resultados indicam que as intervenções têm sido insuficientes. O relatório apontara que em 71% dos pontos vistoriados quatro meses antes não havia nenhuma intervenção para conservação do solo; que em 62% não havia solução para drenagem; e que em 53% não havia iniciativa para contenção de rejeitos. Na ocasião, processos erosivos foram verificados em 92% dos pontos vistoriados.
O terceiro relatório, além de constatar que as ações realizadas pela Renova estão abaixo necessidades identificadas em vistorias anteriores, o documento também alerta para a retirada do solo de áreas próximas às atingidas (áreas de empréstimo) com a finalidade de cobrir os rejeitos e recuperar setores a serem usados em atividades agrícolas. O texto aconselha a instalação de cercas para isolar áreas onde a regeneração da cobertura vegetal tem ocorrido de forma efetiva e evitar que animais pisoteiem as plantas em processo de recuperação.
Um ano após o desastre, em novembro de 2016, a mineradora Samarco foi multada em mais R$ 50 milhões por ter deixado de adotar medidas de precaução e contenção para evitar o carreamento de rejeitos para os corpos hídricos. Um relatório concluído em 24 de outubro apontou que em 95% dos locais vistoriados as recomendações do Ibama não haviam sido integralmente cumpridas. O Ibama aplicou contra a Samarco até o momento 21 autos de infração no valor de R$ 344.843.000,00 e 2 multas diárias: uma de R$ 500 mil (a partir de 01/11/2016) e outra de R$ 31.150,00 (a partir de 31/10/2016).